terça-feira, 9 de setembro de 2014

Design, preconceito e dever

Gostaria de escrever um pouco (na verdade um muito) sobre uma situação que vem me incomodando por um bom tempo e que diz respeito às possibilidades de atuação de todos nós estudantes e profissionais da área do design, bem como alguns compromissos que devemos honrar. Entretanto, gostaria muito mais que os “não designers” pudessem ler o texto a seguir, pois para quem é da área, escrever isto aqui é chover no molhado.

Não é novidade para muitos o quanto a nossa profissão é pouco compreendida e, por consequência, desvalorizada. As pessoas em geral desconhecem o profissional e por isso não o procuram, ou então possuem uma visão caricatural e distorcida da profissão, o que resulta na rejeição da necessidade de seus serviços ou na procura do designer para serviços cuja competência para execução não pertence exatamente a ele, mas sim a profissionais de outros setores. Isso acontece tanto na esfera individual (como por exemplo no caso dos seus avós, tios ou mesmo seus pais, que quando ouvem que você está cursando “design”, soltam aquele característico “Ah...” de quem não tem o que comentar porque não sabe do que diabos você está falando) quanto na esfera empresarial (quando aquele micronegócio contrata os seus serviços para bolar um “loguinho” para a fachada do estabelecimento).

Não é raro haver confusão entre o designer e o ilustrador, por exemplo. O designer pode até trabalhar como artista ou como ilustrador, mas ele não é essencialmente nenhum destes, apenas toma emprestado ferramentas e conhecimento de variadas áreas, incluindo estas, para exercer sua própria atividade. Adicionalmente – e é com muita tristeza que eu digo isso, – há um preconceito, já fortemente enraizado no senso comum das pessoas e das organizações, de que o design serve sobretudo como complemento estético para produtos já pensados e projetados por outros profissionais “tecnicamente qualificados”.

O designer, na realidade, é um projetista. Ele projeta coisas – desde a estrutura básica até os detalhes finais. Quando trabalhando em equipes multidisciplinares, ele deve aplicar seus conhecimentos em conjunto e em constante diálogo com o restante da equipe durante todas as etapas do processo produtivo, desde a sua concepção fundamental até os acabamentos finais e a implementação. Muitas vezes ele exerce papel fundamental inclusive em etapas posteriores ao consumo e ao fim do ciclo de vida dos produtos. Em hipótese alguma o trabalho do designer se resume a criar um envoltório externo somente para embelezar e humanizar o produto e torná-lo mais agradável aos olhos do consumidor. Na verdade, para o designer nem deveria existir a palavra “consumidor”; o que deve existir é a palavra “usuário”. O diálogo com o usuário é tão importante quanto com a equipe, e o planejamento estético e visual nada mais é do que um dos muitos resultados do entendimento das necessidades do usuário.

Você compreende o real potencial do design – que, se bem utilizado, pode agir como instrumento de consideráveis transformações sociais – quando considera suas dimensões conceitual e estratégica, e não apenas quando recorre ao design para a resolução de problemas de ordem prática e imediata. Exemplos: um problema de ordem prática seria a elaboração de um material gráfico, como um cartaz ou folder para a divulgação de um evento esportivo; e por outro lado, um problema de ordem estratégica seria confrontar-se com a seguinte questão: “Como eu comunico de forma eficiente às pessoas de que há um evento esportivo do qual elas gostariam de participar e como eu as empolgo e estimulo para que vão ao evento?” Perceba a grande amplitude e abrangência do segundo problema frente ao primeiro. No primeiro caso você trabalha com princípios e técnicas de composição para gerar um produto físico cotidiano (mais do mesmo), enquanto no segundo você trabalha com ideias e com planejamento, buscando soluções a partir da raiz do problema e oferecendo design durante todas as etapas do processo, não apenas no fim do tubo (que seria, neste exemplo, a composição gráfica do cartaz). Ao deparar-se com o segundo problema, de ordem estratégica, se faz necessária uma abordagem mais ampla, que poderia levar, digamos, a ações de cunho social que não apenas divulgassem o evento, mas que promovessem o bem-estar e a saúde através do estímulo à prática esportiva.

O design, assim como todas as outras áreas do conhecimento, é como uma arma: pode ser bem ou mal utilizada; isso depende do preparo de quem a utiliza. E que fique bem claro que quem a utiliza é a sociedade, e não o designer exclusivamente. O designer, contudo, tem, mais do que todos, a obrigação de usá-la como membro da sociedade, a serviço desta.

E para isso, é preciso compreender tanto quanto possível a sociedade, o público alvo, o usuário, o consumidor. É preciso saber suas necessidades e ouvir suas opiniões – não que todas sejam proveitosas. Mas mesmo que não sejam, contribuem para saber como o usuário pensa e age. Ser designer é compreender o outro. É por isso que não se projeta absolutamente nada sem pesquisa e sem coleta de dados. Excluindo-se a etapa de coleta de dados de um projeto, todas as outras etapas basear-se-ão em conceitos desprovidos de fundamentos e levarão a decisões arbitrárias. O ato de projetar é muito importante e complexo para depender de arbitrariedades. Exercer a profissão de designer e não efetuar pesquisa é como querer estrelar um show de sapateado sem saber andar. Impossível querer esquematizar a interface de um website sem conhecer seu propósito, o público ao qual se destina, as limitações técnicas da plataforma ou instrumento de desenvolvimento, as questões legais envolvidas e tantos outros fatores. Não é só desenhar, amigos.

Em resumo, atrás de uma luminária ou de um layout bonito, há muito a ser considerado. Às vezes o layout e a luminária sequer são necessários. E isso nem sempre é visível aos olhos da maioria. Portanto, é crucial que os profissionais e estudantes da área sejam insistentes e determinados a construir uma visão do design adequada à importância que ele deve e merece ter, evitando o silêncio frente a decisões e demandas que julguem equivocadas e exercitando a dialética persuasiva (acho que essa expressão é quase um pleonasmo, mas enfim) aliada ao rigor técnico. Nós também temos muito conhecimento técnico e devemos saber utilizá-lo. Nas palavras de Norberto Bozzetti, cuja palestra eu tive a felicidade de acompanhar recentemente na minha faculdade, devemos nos proibir de dizer “eu acho” se quisermos ser levados a sério. Por que ninguém dá pitaco sobre como o médico deve costurar os pontos numa ferida do paciente?

Por fim, quem não é da área também deveria estar mais aberto às considerações feitas pelo designer quando este recebe o briefing do trabalho para o qual foi contratado. Talvez você não esteja solicitando design, mas uma solução padrão pronta, para a qual não é essencial o ato de projetar. Só lembrando: o designer é um projetista, não um embelezador. Talvez você esteja perdendo muitos benefícios (econômicos, sociais, culturais, ambientais) ao limitar o trabalho do designer. E não me venha com “hair design”, isso é uma abominação sem tamanho.

Giovanni Ramos
Estudante de Design na UFRGS
Porto Alegre, setembro de 2014


sábado, 12 de abril de 2014

A menina, o velho, o burro e o Passat 73

AVISO
Interpretação possível: Generalização pejorativa dos grupos ativistas.
Interpretação pretendida: Desapego e questionamento das crenças, convicções e valores já estabelecidos; consideração de diferentes perspectivas; descabimento do ato de julgar.


Estavam viajando na estrada uma menina e um velho, ambos montados num burro. Em certo ponto, passam por um ativista pela proteção aos animais, que logo manda:

– Isso é um absurdo! Mas que abuso do pobre bichinho... Não enxergam o esforço que ele está fazendo e o sofrimento que passa para carregar vocês dois ao mesmo tempo nas costas?

Envergonhado, o velho desce do burro e vai puxando as rédeas a pé, guiando o burro enquanto anda, e somente a menina continua montada no animal para não sobrecarregá-lo. Contudo, mais adiante encontram um ativista pela defesa dos direitos do idoso, que, irritado, dá um esporro na criança:

– O que está pensando, menina mal-educada? Não vê que o senhor aqui tem dificuldades e limitações por causa da idade? Desça logo daí e deixe o burro carregar esse senhor um pouco.

Constrangida, a menina faz questão de que o velho troque de lugar com ela, e assim eles procedem: ele sobe no burro e ela vai puxando as rédeas. Não muito tempo depois, porém, surge uma ativista feminista que, chocada, alfineta o velho:

– Então é assim que o senhor pretende educar a coitada da menina? Mostrando-a que as moças devem apenas servir aos homens? Essa menina tem tanto direito de montar quanto o senhor, portanto desça e deixe de abusar da inocência dela!

Apavorado, o velho se apressa a descer do animal. Sendo assim, a menina e o velho decidem ir os dois andando e puxando o burro. Entretanto, acabam passando por um bando de jovens ateus racionalistas, que não tardam a zombar da dupla:

– Mas são uns patetas mesmo! Menininha boba e velho caduco! Podiam viajar montados no burro e estão indo os dois a pé! Quanta inteligência...

Já muito desanimados, a menina e o velho vendem o burro e usam o dinheiro para comprar um Passat 73. No caminho, contudo, são abordados por um grupo de ciclistas ambientalistas, que, alarmados com a poluição excessiva emitida pelo veículo antigo, reclamam:

– Quanta fumaceira! Este carro deveria ser proibido de andar por aí, jogando esse veneno todo na atmosfera! Vocês não têm vergonha não? Parem de usar essa lata velha! O ambiente agradece.

Agora sem esperanças de fazer alguma coisa certa, o velho surta, dá um cavalo de pau e acelera em alta velocidade no sentido contrário, alcançando e atropelando brutalmente os ciclistas ambientalistas, os jovens ateus racionalistas, a ativista feminista, o ativista pela defesa dos direitos do idoso e o ativista pela proteção aos animais.

Após o ocorrido, o velho foi preso e a menina foi posta num orfanato, mas ninguém nunca mais os importunou como se fosse o dono da verdade absoluta, e eles nunca mais tiveram que ficar tentando agradar a todos, e assim, viveram felizes para sempre.


Adaptado de O velho, o rapaz e o burro (Fábulas de Esopo)

sábado, 30 de novembro de 2013

Gentileza vs Cavalheirismo

Baseado na leitura do post Cavalheirismo é machismo, do blog Papo de Homem. Link para o texto na íntegra aqui: http://papodehomem.com.br/cavalheirismo/

Eu me considerava uma pessoa gentil até certo ponto; quando ajudava ou agradava pessoas, acredito que o fazia independentemente de qualquer fator. Confesso que ajudo muito mais as pessoas do meu convívio do que estranhos, mas às vezes dou um pacote de bolacha para menino de rua, junto do chão um pertence que alguém derrubou sem querer, doo roupas e brinquedos antigos, empurro o carro para fazer pegar, ajudo a carregar algo pesado, etc.

Entretanto, meu pai relatou a seguinte experiência quando ele passou uns dias em Londres: certo dia, no metrô, viu uma senhora carregando uma mala bem grande escadaria abaixo, a qual, julgou ele, estava tendo dificuldades. Ele se aproximou e ofereceu ajuda, mas no momento em que ia se curvar para pegar a alça da mala, a senhora fez cara feia e recusou veementemente a ajuda. Pelo que pude supor da situação, ela deve ter se sentido ofendida, pois oferecendo ajuda, era como se meu pai estivesse dizendo implicitamente que ela não era capaz de carregar a mala sozinha. Podia ser que ela realmente não estivesse com dificuldades, mas meu pai não é muito de ajudar estranhos, então provavelmente não se ofereceria se não tivesse identificado claramente a dificuldade da senhora. Minha mãe estava junto, então ela pode ter intimado meu pai a ir ajudar a senhora, mas não quero ficar divagando sobre qual era a situação exata, até porque eu não estava lá e nunca vou poder saber o que aconteceu de fato.

O ponto é: acredito que meu pai tenha sido mal interpretado pela senhora. Era uma questão de ser gentil, mas ela pensou ou que ele a estava chamando de “velha fraca decadente”, ou que ele estava sendo cavalheiro, e portanto machista, se entendi bem o texto.

Desde que soube dessa história, em certas ocasiões passei a tomar uma posição de não ajudar nem ser gentil com as pessoas para não ser mal interpretado da mesma forma que meu pai foi. Ou então o fazia de forma tão discreta que não daria a entender que era eu quem estava ajudando: quando não havia nenhum assento disponível no ônibus e notava que havia entrado uma pessoa de idade, um deficiente ou uma gestante, eu me levantava e me afastava do lugar onde eu estava sentado um pouco antes de aquela pessoa se aproximar, de forma que ela visse com antecedência o lugar livre e o ocupasse. Às vezes dava errado, pois outra pessoa qualquer se apressava mais e tomava o lugar que eu havia liberado. Talvez fosse um pouco de covardia da minha parte em não querer ser julgado pela minha ação, seja positiva ou negativamente, e portanto eu deixava a gentileza à mercê do acaso, me excluindo de qualquer possível responsabilidade. “Se outro espertinho se apressou e sentou no lugar daquela velha, não é culpa minha.”

Especialmente quando se tratava de fazer uma boa ação a mulheres em geral, essa paranoia se acentuava mais ainda: não ajudava com malas, não abria a porta do carro nem segurava a porta num local público, não cultivava o “primeiro as damas”, não oferecia qualquer tipo de auxílio ao perceber um problema. O que é mais louco é que eu segurava sim a porta para homens, por exemplo, e também sempre carregava as malas da família junto com o chofer ou com o funcionário do hotel em viagens. Devia ser meu subconsciente dizendo que nestes casos estava tudo bem, pois não havia nenhuma forma de ser considerado como machismo. Certa vez quando estudava Matemática Aplicada (uma disciplina de 4º semestre das Engenharias na UFRGS), me recusei a explicar a matéria mesmo depois de a guria ter mencionado ter dificuldades em compreender. “Ah, vai estudar, pô. Isso aí é preguiça de ler a apostila, isso sim. Não tem como não ter entendido se tu tiver lido direito.”

Hoje em dia vejo que essa minha reação naquela vez foi definitivamente extremada e insensata. Mas de algum modo, também é uma paródia ao comportamento de algumas “feministas” extremistas (entre aspas porque não exercem de fato a ideologia feminista da forma como ela é caracterizada, e apenas enxergam machismo em tudo, parece até aquelas teorias conspiratórias malucas dos Illuminati ou dos reptilianos), que certamente existem por aí também.

Acho que minha visão é mais relaxada e desprendida atualmente. Eu achava que entendia o feminismo, e para mostrar para mim mesmo que me preocupava, não fazia gentilezas para não ofender ou menosprezar as pessoas, em especial as mulheres. Hoje penso que isso era apenas uma espécie de cavalheirismo às avessas bizarro, que só contribuía para um mundo mais frio e individualista. Atualmente eu seguro a porta e ajudo a carregar as malas sim. Se a pessoa gostar, gostou; se não gostar, dane-se. Só que não pago a conta sozinho, nem ofereço meu lugar no ônibus (continuo usando aquele esquema de levantar antes).

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sobre visitas indesejadas, caminhos tortuosos, potes de pirita e picos do Himalaia

Deixe-me dizer-te uma coisa ou duas sobre o Fracasso, meu caro. Ele andou te incomodando, certo? Estás deprimido, com a autoestima estirada no chão, te perguntando por que é só contigo e todo aquele negócio de “oh céus, oh vida”, correto? Pois bem, não é só contigo. Não achas que é muito egoísmo pensar que o Fracasso só olha pra ti? Aqui vai a REALIDADE, amigo: ele está sempre por aí, esperando para ser compartilhado pelo maior número de pessoas possível. Ele é uma prostituta safada. E alguns o agarram com orgulho, ainda assim. Quer saber por quê? Porque ele é necessário. Caso contrário, viveríamos num mundo tedioso, onde todos são vitoriosos e felizes. Aliás, não existiria felicidade, pois não haveria nada de ruim para usar como comparação e assim definir o oposto de ruim. Existiria apenas um nada. Um vazio existencial. Não haveria nada a alcançar; tudo já estaria nas nossas mãos. E a partir desse momento, meu caro, teríamos deixado de ser humanos.

Sabes quando é que tu vais atingir a Felicidade? Falo da Felicidade Plena, dos contos de fadas e tudo o mais. NUNCA. Ah, ok, não sejamos tão perversos assim: podes sim alcança-la, e até mesmo segurá-la por uns instantes a mais, se fores educado e souberes cuidar com carinho. Mas tê-la pra sempre, nunca. Esqueça! E não importa quanto tempo ela tiver ficado. Quando ela tiver ido embora, sempre parecerá que não permaneceu o suficiente. E o que acontece a seguir?

A seguir surge – isso mesmo – a Tristeza. Essa aí que estás sentindo agora, prima em primeiro grau do Fracasso. E podes ter certeza absoluta de que ela visita a todos, sem exceção. Então por que reclamas que não gosta quando ela te importuna aparecendo sem convite para uma xícara de chá, ou quando ela toma sem pudores o quarto de hóspedes emprestado por meses a fio? Por que questionas a sua presença? Não é nenhum bullying particularmente direcionado a ti. Eu já falei, tu não és especial. Ela simplesmente quer um pouco da tua companhia, assim como a de muitos outros. E no fundo, não é ela que precisa de nós, e sim o inverso: NÓS precisamos dela.

Portanto, abrace-a, acostume-se e desfrute de sua presença. Tenha a serenidade e a condescendência de saber que a Tristeza, tanto quanto o Fracasso, é fundamental para o crescimento, o amadurecimento, a evolução pessoal. E se trata apenas disso: o processo de evolução. O CAMINHO. Não existe o pote de ouro infinito no fim do arco-íris. O que existe é um pequeno pote de pirita que, confesso, talvez nem seja alcançado, ou então até seja alcançado, consumido, alcançado de novo em algum outro lugar e usado mais algumas vezes. Mas o pote em si não interessa, pois ele se esvai. O que importa é a garra para sempre procurá-lo. Mesmo que nunca o tenhas vislumbrado, mesmo que o tenhas perdido por descuido, mesmo que apenas encontres um misto de barro e fezes por incontáveis vezes.

Pois ISSO é ser humano. É correr do ponto A ao ponto B tomando o maior número de tombos possível e parando para tomar um refrescante gole d’água quantas vezes for preciso (ou quantas vezes ele estiver disponível). É resistir ao caminho e se orgulhar da oportunidade de poder tê-lo trilhado, independentemente do grau de sua tortuosidade ou de sua suavidade. É o movimento, é a ação, é a mudança constante que dá vida à vida. 

E não me fales que é difícil, eu SEI que é. Podes chorar sim, mas sem exagero, vai faltar água no mundo daqui a algumas décadas. Podes reclamar também, mas com moderação, porque ouvido não é penico. Eu mesmo já chorei, já reclamei. Já beirei a depressão patológica. Já atingi o Pico do Himalaia da alegria e da euforia. E lá, perdi o equilíbrio e desandei montanha abaixo. Quando cheguei ao solo, a bola de neve que havia se formado ao meu redor durante a queda estava tão espessa que mal conseguia me mexer, e acreditei que jamais sairia. Mas nesse momento, vieram algumas pessoas e começaram a remover a neve. Nesse momento, percebi que tinha subido tão alto que não as enxergava mais, e parecia que não precisaria de qualquer ajuda delas. Já no chão, vemos com clareza o valor real das pessoas.

Concluindo a moralzinha da historinha pra criancinha dormir: sejas gentil com a tia Tristeza, persigas pelo caminho tortuoso o pote de pirita mesmo sabendo que poderás não encontrá-lo e nunca deixes de VALORIZAR o que tu já tens. Por último, mas não menos importante, não tenhas a ilusão de que poderias ser completamente satisfeito e realizado um dia. O homem é, por definição, insatisfeito.

Realidade: nunca nós.
Caminho: isso sei valorizar.
Para pensar... :B

sábado, 5 de janeiro de 2013

O melhor de 3 anos (2009 a 2011)

Dessa vez posso dizer que, realmente, faz muito tempo que não escrevo aqui. O blog foi completamente abandonado às traças, tudo em nome no meu canal no Youtube, o giotgo2, cuja manutenção acabou se tornando uma atividade mais séria desde o início de 2011, e tem demandado um tempo cada vez maior de mim. Ah e isso sem falar do EliteClassicos... Quem é galo velho deve saber.

Houve sim, nesse período (de 2011 pra cá), algumas ideias para novos textos, mas das duas, uma: ou eu esquecia sobre o que ia escrever, ou a preguiça e a dedicação ao canal do Youtube venciam, me impedindo de postar qualquer coisa.

Entretanto, recentemente reservei um tempinho para reler alguns de meus próprios posts aqui no Nice Cups, sabe como é, né? Lembrar do passado e tal. Foi praticamente a mesma sensação de abrir e folhear um álbum antigo de fotos da família. E sabe que isso me deu uma ideia?

No fim das contas, resolvi que seria digno elaborar uma coletânia dos melhores textos que escrevi nesses 3 anos (ou 2 e meio, hehe) dedicados ao blog. Sei lá, para a posteridade. É bastante provável que eu nunca mais volte a escrever aqui, então pelo menos existe um "resumão" para quem se interessar. Se é que alguém se interessar, vai saber. Tem doido pra tudo.

Terminada a protocolar enrolação, vamos de fato à coletânia, seguindo dos posts mais antigos para os mais novos. É importante ressaltar que há a possibilidade de que alguns trechos estejam datados, defasados e não se apliquem mais à realidade atual. Além disso podem haver links quebrados, vídeos que já foram excluídos do Youtube, etc. Ainda assim, acho que continua sendo válida a retrospectiva.


Coisas irritantes em marcar um jogo de futebol

Animes fodásticos: Golden Boy

Top 12 games para PlayStation 2 jogados por mim - Parte 1 - Parte 2

Mr. Pyramid Head

O cinema me surpreende

A matemática tem sua beleza

Não gosta de Cosplay?

Pequenos objetivos a serem alcançados

Filmes estranhos

Frases inspiradas

A história do Fluxo Zero

A teoria dos finais

SPA, o mal de uma geração

Coisas normais que dão medo

Maiores gostosas dos games - Parte 1 - Parte 2 - Parte 3

As mais marcantes aberturas de animes

Você sabe que é nerd se...

Seriam Tom Cruise e Nicolas Cage criações robóticas japonesas?

Convocação: Scott Pilgrim Contra o Mundo

On the Road - Pé na Estrada - Resenha

Resgate de uma era


Até. "Adeus" é muito trágico.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Animes e a síndrome dos cinco primeiros episódios - Parte primeira

Uau, já é 29 de agosto e até agora eu não tinha escrito nada por aqui nesse mês... Segundo minhas contas eu nunca tinha ficado um mês sem postar, desde que comecei o blog. Mas o que importa é que ainda não será dessa vez, antes tarde do que mais tarde ainda!

Hoje resolvi falar sobre um assunto que me veio espontaneamente à cabeça após passar praticamente um dia inteiro pesquisando novos animes e experimentando alguns episódios para ver se realmente me agradavam. E é aí que está o problema e o assunto do post: nenhum deles conseguiu me prender a atenção o suficiente para me deixar ansioso para assistir os episódios seguintes. E não falo só do dia de hoje; noto que isso vem acontecendo comigo há um bom tempo. Quando vejo a quantidade de pastas de animes que estão se acumulando na minha pasta de "Downloads", e principalmente, quando leio os nomes dos animes e não consigo sequer lembrar quais as suas temáticas, percebo que está ficando cada vez mais difícil achar animações japonesas que me façam passar dos 5 primeiros episódios.

Portanto, parei para pensar: "Por que diabos isso está acontecendo comigo?" Não sei a resposta, mas tentarei nesse texto identificar alguns dos possíveis motivos.

O primeiro pensamento que me ocorreu, não vou mentir, foi a possibilidade de que talvez eu já esteja ficando velho demais para os animes. Afinal, estou na fase da vida em que, teoricamente, eu ainda deveria ter a disposição da infância mas, com ela, responsabilidades e compromissos. Portanto, será que não seria o meu sub-consciente tentando me dizer: "Ok, 21 anos, já está na hora de arranjar um emprego, uma namorada, começar a pensar no futuro e parar de assistir desenhos bebendo Nescau."

Entretanto, uma vez que atualmente é possível encontrar um sem número de animes com temas adultos, incluindo aí as mais variadas conotações da palavra (se é que me entendem), esta hipótese inicial pode ser facilmente descartada. Ergo Proxy, Akira, Monster, Berserk, Evangelion, Claymore, Rainbow e Aki Sora que o digam. E nem tive que citar os hentais...

De qualquer modo, isso logicamente nos leva à segunda hipótese: será que estou tão "crescidinho" que nunca mais poderei ver um inocente Dragon Ball ou um Sakura Card Captors da vida? Talvez. É duro admitir, mas sobre o primeiro, baixei alguns episódios para matar a saudade, e rapidamente perdi a paciência.

Por outro lado, como é que o mesmo cara que desistiu facilmente de assistir de novo DB conseguiu manter-se firme até mais do que a metade de Asu no Yoichi, um anime que, apesar de não tão ingênuo, nem de longe possui o mesmo apelo, fama e reconhecimento daquele? E se voltarmos não muito no tempo, como poderia eu ter assistido até o final (e me divertido com) animes como Ichigo 100% e Love Hina, que - longe de mim querer desmerecer essas obras, mas - não passam de historinhas da vida escolar e romances manjados? Todos estão cansados de conhecer aquele menino certinho que fica sem jeito em meio à maioria feminina, que por forças do destino acaba se metendo em confusões constrangedoras e sendo injusta porém comicamente taxado de pervertido, somente para mais tarde se redimir com um ato nobre que restaura temporariamente a confiança das meninas, e que lá do meio pro final da trama nutre secretamente um ardente amor pela mais bonitinha delas, sem nunca conseguir expor claramente seus sentimentos em relação à moça, seja por timidez, insegurança ou interrupções de terceiros em momentos cruciais. E as pessoas, mesmo assim, ainda veêm isso!

Portanto, acredito que não seja a temática o principal fator a me fazer desistir de ver o anime. Mas se também não é isso, o que mais pode ser então?

Usando pela terceira vez o exemplo de Dragon Ball, e comparando-o com Ichigo 100%, observa-se a seguinte diferença gritante: enquanto um é composto de numerosos 153 episódios, o outro consegue contar sua história em apenas 12! Ok, 13 se contarmos o episódio especial, e 17 se contarmos os OVA's, mas ainda assim... São vários milhares de minutos a menos. O quão conveniente isso pode ser para um jovem vivendo em pleno século XXI, o século da informação, da hiperativiade e do imediatismo? Muito, eu lhes digo. Por que ver 1 anime de 153 episódios, quando se pode ver 6 de 26, ou melhor ainda, 12 de 13?

De fato, tenho reparado que muitos dos animes que concluí nos últimos anos foram desses curtinhos, de 12 ou 13 episódios. Em especial, o penúltimo foi Highschool of the Dead (que na realidade foi um caso extraordinário, pois parei e retomei várias vezes), e o último, Freezing. Tá bom, então finalmente descobri porque não consigo me entusiasmar com os animes recentemente, é porque tenho preguiça de assistir quando ele é mais longo... Mas seguindo essa lógica, a esmagadora maioria dos animes é curta (até 26 episódios), então, escolhendo animes ao acaso, não seria razoável supor que eu terminasse a maioria deles (o que não corresponde à realidade)? Se fosse essa a razão, eu nunca teria visto Hajime no Ippo até o fim (inclusive o New Challenger e o filme). E quem realmente me conhece sabe que eu considero HnI um dos animes mais fodas já feitos. Ainda seguindo o raciocínio, eu teria concluído quase a totalidade dos animes curtos que eu já baixei para assistir, como o Asu no Yoichi, mencionado anteriormente, que falei que só consegui ver até mais ou menos a metade (7 episódios, creio eu). Ou seja, tem algo errado aqui também.

Adicionalmente, tenho percebido que, em alguns animes, até consigo ser fisgado nos primeiros 2 a 5 episódios, mas logo depois, talvez devido a um cadenciado desenvolvimento do enredo, acabo perdendo grande parte do interesse inicial. Foram os casos de, pasmem, Full Metal Alchemist, considerado por muitos o melhor anime da década passada, mas que não me convenceu depois de 10 episódios, e nos últimos dias, de Flame of Recca, que me agradou no primeiro episódio, mas nos seguintes revelou sua mediocridade.

Por fim, tenho perdido a paciência com animes estruturados de forma a iniciar e resolver uma situação a cada episódio. Samurai Champloo, por exemplo. O objetivo era sempre "achar o samurai dos girassóis", ou algo assim, mas em cada episódio o grupo de viajantes chegava num lugar diferente e enfrentava um problema diferente (salvo algumas exceções). Ao final do episódio, tudo se resolvia e eles seguiam adiante. Em outras palavras, são várias "micro-histórias" fechadas que formam o todo. Nada contra, já vi muitos animes com este tipo de divisão narrativa, mas o grande problema é que isso enfraquece um dos requisitos mais importantes para manter alguém acompanhando uma série televisiva: a expectativa.

No próximo post, veremos como a presença de expectativa poderia afetar a minha vontade (e creio que a de muitos) de continuar assistindo um anime qualquer. Até lá!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Liberdade

Não importa o quão desanimados estejamos, a chegada de um período de férias sempre empolga e nos faz sentir mais leves. É verdade que não são férias absolutas, mas só o fato de ter passado nas disciplinas e não ter mais aulas já serve pra revigorar os ânimos.

O mais legal das férias é que podemos retomar algumas atividades de que gostamos e que inevitavelmente são deixadas de lado no período letivo. Uma delas é voltar a jogar aqueles jogos que exigem mais tempo e dedicação - tal como os MMORPG's (não é o caso) -, ou aqueles que te viciam facilmente e, quando você vê, já está há mais de 5 horas com a bunda enterrada na cadeira/poltrona/sofá jogando aquela merda. Um ótimo exemplo é o "game-sensação" Minecraft, no qual você pode construir, alterar e destruir completamente o mundo à sua volta da maneira que quiser, criando seja lá o que vier à sua mente.

Nas férias de verão eu já havia tido a pretensão babaca de construir uma estátua tridimensional gigante do Mario, o que se revelou um desafio tão grande que acabei desistindo. Dessa vez, fui um pouco menos megalomaníaco e mais coerente com minhas próprias habilidades arquitetônicas, e o resultado foi esta bela moradia que vocês vêem abaixo (talvez seja melhor clicar na imagem para ampliar).


E para quem acha que agora eu só sei falar de games (se bem não estaria muito longe da verdade, mas enfim), outra atividade retomada nessas férias de inverno foi, na realidade, a conclusão de um anime que eu já estava há muito tempo me enrolando para terminar. Eu via alguns episódios, depois me esquecia de baixar o resto, depois reiniciava tudo para lembrar a história e os personagens, depois parava, depois retomava, depois parava de novo... Até eu resolver que agora era hora de finalizar de vez com isso. E para falar a verdade, o final de Highschool of the Dead foi meio decepcionante. Ok, nem foi um "final", pois claramente percebe-se a intenção de continuar a história em uma segunda temporada. Mas podiam ter dado uma caprichada pelo menos no episódio final, para concluir com mais estilo a primeira temporada. Talvez o OVA tenha saído para, de alguma forma, "consertar" isso e presentear os fãs. E, realmente, que fan service, hein?


Poder ler também é sempre bom. E é ainda mais agradável perceber que você chegou na metade do livro sem esforço nenhum; pelo contrário: O Fim da Eternidade se mostra uma leitura fácil, dinâmica, prazerosa e deveras interessante, principalmente para os amantes da ficção científica de qualidade, tal qual a que só mestres como Isaac Asimov sabem fazer. Imagine a Realidade e a História da Humanidade como algo perfeitamente mutável. Se no século 395, digamos, há uma terrível guerra que compromete a evolução da sociedade, bastaria um homem, por exemplo, mudar de lugar um objeto numa determinada prateleira de uma determinada casa e então, voilà! Algumas personalidades foram alteradas, outras pessoas deixaram de existir, mas não há mais guerra nenhuma neste século! Esta é a premissa básica em OFdE.


Por enquanto essas são as novidades, não houve tempo para que acontecesse muita coisa ainda, mas espero conseguir aproveitar as férias para escrever um pouco mais aqui. Sendo assim, aguardem, provavelmente sairão posts com mais novidades, algum post de opinião caso surja uma ideia boa, etc. Té mais!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mais um post de mim, sobre mim, para mim.

Três trabalhos para entregar e uma prova para estudar em menos de três semanas. Mal comecei a escrever o primeiro dos trabalhos e tampouco estudei para a prova. Pelo menos estará tudo acabado lá pelo dia 6, se tudo transcorrer bem (leia-se: se eu não pegar nenhum exame). Bem, quase tudo; depois disso ainda estarei atarefado com a bolsa de iniciação científica até o último dia de julho, e ainda terei que redigir um relatório de prestação de contas, ô saco. Mas o que posso dizer, estou sendo pago...

A parte boa de ter muitos trabalhos e poucas provas é que não é preciso estudar muito. Quando você escreve um relatório científico até pode-se dizer que você está estudando, mas de um modo diferente; não é a mesma coisa que se preparar para uma prova.

Aliás, é quando passamos a definir desnecessidade de estudo como algo positivo que percebemos que estamos provavelmente tomando o caminho errado. Quando o estudo passa a se tornar uma atividade maçante, estressante, desinteressante e alienante, é sinal que há alguma coisa errada. O estudo era pra ser um momento de absorção de novas ideias, deveria fascinar e incentivar a contíbua busca por crescimento intelectual, e não ser uma tortura. Quando você não tem mais motivação nenhuma para pegar um livro, resolver exercícios e admite que não aguenta mais estudar, e sobretudo quando você percebe isso aos meros 21 anos de idade, é hora de mudar. Afinal de contas, viver é rir ou mudar.

Portanto, chega de insistir. Quanto mais cedo se muda, mais cedo se acerta ou se erra, e no segundo caso se muda novamente. Corre-se o risco de nunca acertar, mas é melhor do que se conformar e depois perceber que perdeu meia vida ao persistir numa decisão errada, e pior ainda, perceber que já não pode mais voltar atrás. É melhor tentar ser e falhar do que ficar eternamente se perguntando se poderia ter sido.

Em breve estarei entrando em uma nova fase, uma fase de mudanças, como já foi ressaltado no parágrafo anterior. E sabe-se lá o que estará por vir, resta torcer para que coisas boas. Me lamento por ter demorado tanto tempo, pois a vida passa e algumas coisas podem se tornar irreparáveis, mas antes tarde do que nunca, como já dizia o ditado.

Esse texto poderia ser considerado como um desabafo, mas prefiro pensar que só estou colocando o leitor a par da minha situação atual e invocando sua torcida por um futuro menos nebuloso. Se bem que não acho que ainda possua muitos leitores, ainda mais com a maneira como esse blog têm sido deixado de lado nos últimos meses. Por isso gostaria de pedir desculpas a qualquer um que ainda se preste a visitar o blog periodicamente, na esperança de encontrar posts novos com assuntos minimamente razoáveis.

É que é difícil se empolgar para escrever sobre qualquer assunto quando você já não consegue encontrar tanta motivação no seu cotidiano de um modo geral. Não vou mentir: de fato, poucas coisas ainda me motivam a seguir em frente. Uma delas é o canal do YouTube (que tem dado bastante trabalho, mas me rendeu bons elogios e também algumas amizades).

Não queria acabar o post tão depressivo (e definitivamente não deveria expor publicamente tanto sobre assuntos pessoais), mas foi inevitável. Peço a compreensão de todos e bola pra frente, dias melhores virão! Té mais.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Orgulho Nerd e Toalha: o que diabos tem a ver?

É de conhecimento geral da nação - ou pelo menos deveria ser - que no dia de hoje, 25 de maio, se comemora internacionalmente o Dia do Orgulho Nerd. Mas se você tiver o mínimo de informação sobre o assunto, perceberá que grande parcela dos nerds se refere à data como o Dia da Toalha. Muita gente acaba se perguntando: Mas que porra é essa? O que tem a ver o orgulho nerd e as toalhas?


Alguns acham que é uma simples coincidência, ou seja, que algum desocupado qualquer resolveu de uma hora pra outra, aparentemente sem motivo nenhum, que no dia 25 de maio seria homenageada a invenção da toalha, e depois um outro desocupado decidiu que os nerds deveriam ter um dia pra eles, que por obra do acaso acabou sendo escolhido na mesma data. Mas se fosse esse o caso, então por que muitos nerds insistem em se referir à data como o Dia da Toalha, e não como o Dia do Orgulho Nerd (o que faria muito mais sentido)? Por causa dessa confusão toda, resolvi fazer esse post, explicando um pouco da história por trás da escolha dessas duas datas comemorativas, e no final você compreenderá que temos mais do que uma mera coincidência ligando-as.

Seguindo a ordem cronológica dos fatos, temos primeiro a criação do Dia da Toalha, que foi celebrado oficialmente pela primeira vez no dia 25 de maio de 2001. Entretanto, por razões de coesão textual, começarei pelo Dia do Orgulho Nerd.

O Dia do Orgulho Nerd aconteceu pela primeira vez na Espanha em 2006. Muitos nerds saíram às ruas para demonstrar publicamente suas paixões pelas mais variadas nerdices, usando desde referências a obras clássicas de ficção científica como Star Wars e Star Trek até atuações de um Pac-Man humano. O "evento" ganhou bastante apoio e divulgação através da internet e a notícia foi se espalhando pelo mundo todo, tomando proporções cada vez maiores ano após ano.


O dia 25 de maio foi escolhido devido à estreia do primeiro filme da série Star Wars ter ocorrido nesta data, em 1977. Pessoalmente acho que não poderia ter havido mais simbólica; 19 a cada 20 nerds catalogam pelo menos um dos filmes da trilogia original como uma das melhores obras cinematográficas já criadas na história da humanidade.

Ok, agora que já sabemos as origens do Dia do Orgulho Nerd, prossigamos para o Dia da Toalha (e a partir daqui começa a parte interessante da história toda). No Dia do Orgulho Nerd as pessoas celebram o fato de serem adeptos da cultura nerd, certo? Então é razoável supor que no Dia da Toalha as pessoas celebrem a utilidade e a importância das toalhas em suas vidas, correto? Sim, em termos... Mas esse não é o ponto crucial da questão. Aí é que está a confusão toda.

Na verdade o Dia da Toalha foi criado para homenagear o escritor britânico Douglas Adams, que havia falecido em 11 de maio de 2001, e sua série de livros famosíssima (pelo menos entre os nerds), O Guia do Mochileiro das Galáxias. A primeira homenagem foi feita no dia 25 de maio, exatamente duas semanas após a morte do escritor. Entretanto, fãs começaram a discutir para que se mudasse a data comemorativa para 42 dias após o falecimento, devido ao fato de a resposta suprema para todas as questões universais e existenciais ser o número 42. Mas por motivos obscuros e incoerentes o dia 25 de maio acabou sendo aceito em definitivo.


Bom, já está claro que o Dia da Toalha foi estabelecido por fãs de Douglas Adams, e daí pode-se naturalmente compreender a relação do Dia da Toalha com o Dia do Orgulho Nerd, pois como a maior parte dos fãs de Douglas Adams é composta de nerds, então conclui-se que as duas datas são majoritariamente festejadas por nerds. E incrivelmente as duas comemorações coincidem no mesmo dia do ano, mesmo tendo motivos diferentes para a escolha da data!

Certo, mas ainda resta uma pergunta: qual a razão da porra da toalha? Por que chamar de "Dia da Toalha", ao invés de "Dia do Mochileiro das Galáxias" ou algo assim? Aí entra mais uma peculiaridade da história criada por Adams, que consiste em ele destacar nos livros a importância da toalha para os "viajantes da galáxia", nas mais variadas e inimagináveis situações (e sim, essa parte eu copiei descaradamente da Wikipédia). A escolha do nome "Dia da Toalha" foi uma brincadeira com isso.


Espero que o post tenha sido útil para esclarecer essa confusão toda de nomenclatura. É isso, té mais!