segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Animes e a síndrome dos cinco primeiros episódios - Parte primeira

Uau, já é 29 de agosto e até agora eu não tinha escrito nada por aqui nesse mês... Segundo minhas contas eu nunca tinha ficado um mês sem postar, desde que comecei o blog. Mas o que importa é que ainda não será dessa vez, antes tarde do que mais tarde ainda!

Hoje resolvi falar sobre um assunto que me veio espontaneamente à cabeça após passar praticamente um dia inteiro pesquisando novos animes e experimentando alguns episódios para ver se realmente me agradavam. E é aí que está o problema e o assunto do post: nenhum deles conseguiu me prender a atenção o suficiente para me deixar ansioso para assistir os episódios seguintes. E não falo só do dia de hoje; noto que isso vem acontecendo comigo há um bom tempo. Quando vejo a quantidade de pastas de animes que estão se acumulando na minha pasta de "Downloads", e principalmente, quando leio os nomes dos animes e não consigo sequer lembrar quais as suas temáticas, percebo que está ficando cada vez mais difícil achar animações japonesas que me façam passar dos 5 primeiros episódios.

Portanto, parei para pensar: "Por que diabos isso está acontecendo comigo?" Não sei a resposta, mas tentarei nesse texto identificar alguns dos possíveis motivos.

O primeiro pensamento que me ocorreu, não vou mentir, foi a possibilidade de que talvez eu já esteja ficando velho demais para os animes. Afinal, estou na fase da vida em que, teoricamente, eu ainda deveria ter a disposição da infância mas, com ela, responsabilidades e compromissos. Portanto, será que não seria o meu sub-consciente tentando me dizer: "Ok, 21 anos, já está na hora de arranjar um emprego, uma namorada, começar a pensar no futuro e parar de assistir desenhos bebendo Nescau."

Entretanto, uma vez que atualmente é possível encontrar um sem número de animes com temas adultos, incluindo aí as mais variadas conotações da palavra (se é que me entendem), esta hipótese inicial pode ser facilmente descartada. Ergo Proxy, Akira, Monster, Berserk, Evangelion, Claymore, Rainbow e Aki Sora que o digam. E nem tive que citar os hentais...

De qualquer modo, isso logicamente nos leva à segunda hipótese: será que estou tão "crescidinho" que nunca mais poderei ver um inocente Dragon Ball ou um Sakura Card Captors da vida? Talvez. É duro admitir, mas sobre o primeiro, baixei alguns episódios para matar a saudade, e rapidamente perdi a paciência.

Por outro lado, como é que o mesmo cara que desistiu facilmente de assistir de novo DB conseguiu manter-se firme até mais do que a metade de Asu no Yoichi, um anime que, apesar de não tão ingênuo, nem de longe possui o mesmo apelo, fama e reconhecimento daquele? E se voltarmos não muito no tempo, como poderia eu ter assistido até o final (e me divertido com) animes como Ichigo 100% e Love Hina, que - longe de mim querer desmerecer essas obras, mas - não passam de historinhas da vida escolar e romances manjados? Todos estão cansados de conhecer aquele menino certinho que fica sem jeito em meio à maioria feminina, que por forças do destino acaba se metendo em confusões constrangedoras e sendo injusta porém comicamente taxado de pervertido, somente para mais tarde se redimir com um ato nobre que restaura temporariamente a confiança das meninas, e que lá do meio pro final da trama nutre secretamente um ardente amor pela mais bonitinha delas, sem nunca conseguir expor claramente seus sentimentos em relação à moça, seja por timidez, insegurança ou interrupções de terceiros em momentos cruciais. E as pessoas, mesmo assim, ainda veêm isso!

Portanto, acredito que não seja a temática o principal fator a me fazer desistir de ver o anime. Mas se também não é isso, o que mais pode ser então?

Usando pela terceira vez o exemplo de Dragon Ball, e comparando-o com Ichigo 100%, observa-se a seguinte diferença gritante: enquanto um é composto de numerosos 153 episódios, o outro consegue contar sua história em apenas 12! Ok, 13 se contarmos o episódio especial, e 17 se contarmos os OVA's, mas ainda assim... São vários milhares de minutos a menos. O quão conveniente isso pode ser para um jovem vivendo em pleno século XXI, o século da informação, da hiperativiade e do imediatismo? Muito, eu lhes digo. Por que ver 1 anime de 153 episódios, quando se pode ver 6 de 26, ou melhor ainda, 12 de 13?

De fato, tenho reparado que muitos dos animes que concluí nos últimos anos foram desses curtinhos, de 12 ou 13 episódios. Em especial, o penúltimo foi Highschool of the Dead (que na realidade foi um caso extraordinário, pois parei e retomei várias vezes), e o último, Freezing. Tá bom, então finalmente descobri porque não consigo me entusiasmar com os animes recentemente, é porque tenho preguiça de assistir quando ele é mais longo... Mas seguindo essa lógica, a esmagadora maioria dos animes é curta (até 26 episódios), então, escolhendo animes ao acaso, não seria razoável supor que eu terminasse a maioria deles (o que não corresponde à realidade)? Se fosse essa a razão, eu nunca teria visto Hajime no Ippo até o fim (inclusive o New Challenger e o filme). E quem realmente me conhece sabe que eu considero HnI um dos animes mais fodas já feitos. Ainda seguindo o raciocínio, eu teria concluído quase a totalidade dos animes curtos que eu já baixei para assistir, como o Asu no Yoichi, mencionado anteriormente, que falei que só consegui ver até mais ou menos a metade (7 episódios, creio eu). Ou seja, tem algo errado aqui também.

Adicionalmente, tenho percebido que, em alguns animes, até consigo ser fisgado nos primeiros 2 a 5 episódios, mas logo depois, talvez devido a um cadenciado desenvolvimento do enredo, acabo perdendo grande parte do interesse inicial. Foram os casos de, pasmem, Full Metal Alchemist, considerado por muitos o melhor anime da década passada, mas que não me convenceu depois de 10 episódios, e nos últimos dias, de Flame of Recca, que me agradou no primeiro episódio, mas nos seguintes revelou sua mediocridade.

Por fim, tenho perdido a paciência com animes estruturados de forma a iniciar e resolver uma situação a cada episódio. Samurai Champloo, por exemplo. O objetivo era sempre "achar o samurai dos girassóis", ou algo assim, mas em cada episódio o grupo de viajantes chegava num lugar diferente e enfrentava um problema diferente (salvo algumas exceções). Ao final do episódio, tudo se resolvia e eles seguiam adiante. Em outras palavras, são várias "micro-histórias" fechadas que formam o todo. Nada contra, já vi muitos animes com este tipo de divisão narrativa, mas o grande problema é que isso enfraquece um dos requisitos mais importantes para manter alguém acompanhando uma série televisiva: a expectativa.

No próximo post, veremos como a presença de expectativa poderia afetar a minha vontade (e creio que a de muitos) de continuar assistindo um anime qualquer. Até lá!