domingo, 28 de março de 2010

Situações esquisitas

Hoje eu acordei bem cedo, lembro que peguei sonolentamente meu relógio e vi que eram 8 e alguma coisa. Apesar de calcular que deveria ter dormido umas 7 horas, a primeira reação que tive foi ficar brabo comigo mesmo por ter acordado tão cedo num domingo.

Depois fiquei me revirando na cama tentando pegar no sono de novo. Só que foi meio estranho, não sei se já aconteceu isso com algum de vocês, mas sabe quando tu tem consciência de estar acordado, na cama, mas mesmo assim ainda fica meio que sonhando? Tu pensa em alguma coisa qualquer e quando vê já está criando mentalmente situações imaginárias e fantasiosas. E pior é que tu está "controlando" isso, pois tu sabe que está acordado... Não sei como explicar direito, é bem louco.

Eu sei que depois disso peguei o relógio de novo e já eram 10 e meia, então resolvi levantar. Enquanto eu levantava e ía ao banheiro, ouvi minha mãe falando algo que não me lembro exatamente o que era agora, mas o que interessa é que na hora me fez lembrar que íamos almoçar na casa da minha tia por causa dos aniversários dela e da minha vó, que haviam sido há alguns dias atrás.

Mais uma vez a primeira coisa que pensei foi em ficar brabo comigo mesmo, dessa vez por não ter lembrado do almoço. Ok, para alguém normal não haveria motivo para ficar brabo, pois afinal havia tempo para se arrumar direito e não chegar atrasado, e além disso tinha o negócio de ver os parentes, blá blá blá e tal.

Mas para alguém como eu às vezes é um problema, porque estou num período meio estranho (e um tanto constrangedor) da vida, e tenho que "me preparar psicologicamente" para eventos sociais. É como se fosse algum tipo de exercício em que eu tivesse que estar concentrado e bem de espírito para fazer. Como se tivesse uma hora adequada, pré-definida e assim eu não fosse pego desprevenido, sabe?

Inclusive é por isso que geralmente não gosto de encontrar pessoas conhecidas na rua.

Quando eu era pequeno, eu sempre andava olhando para baixo, para cuidar se eu não ía pisar em algum cocô de cachorro, chiclete mascado ou sei lá. Mas aí minha mãe me ensinou que a gente deve andar olhando pra frente, e desse jeito visualizamos com antecedência tudo à nossa volta (inclusive as nojeiras no chão).

Só que quando olhamos pra frente, é de se esperar que vejamos alguém que esteja caminhando no sentido oposto, e da mesma forma, essa pessoa também nos vê. Então nos preocupamos em não ficar encarando, já que é falta de educação, e aí desviamos rapidamente o olhar tão logo notamos que a pessoa irá virar ou já está com a face voltada na nossa direção. Mas às vezes, acontece de o indivíduo ser alguém conhecido, entretanto o cérebro só processa isso quando já desviamos o olhar, e aí temos que olhar de novo para certificarmo-nos de que é mesmo aquela pessoa e aí damos um "oi".

Dependendo da pessoa, do ambiente e do nosso humor, e quando a pessoa não está passando diretamente ao nosso lado, mas um pouco mais longe (na outra calçada da rua, por exemplo), ainda rola uma dúvida se ela nos viu e se seria melhor cumprimentá-la ou fingir que não a vimos. De vez em quando é mais conveniente a segunda opção, para poupar tempo, evitar o esforço mental de manter uma conversa interessada com a pessoa devido à escassez de assuntos, etc.

Mas nos casos em que a olhamos de volta e falamos "oi", não sei se é coisa da minha cabeça, mas sempre noto que a pessoa me olha de um modo diferente, como se estivesse pensando qual é o meu problema e por que diabos eu virei a cara e logo em seguida olhei de novo e cumprimentei ela.

E a pior parte é o desconforto de não saber direito o que fazer: se sigo o caminho, se paro e começo uma conversa, se falo sobre o tempo e outras trivialidades ou sobre outra coisa... E para tentar evitar aqueles silêncios horríveis (que são particularmente torturantes em uma conversa entre 2 pessoas), eu faço uma pergunta qualquer e enquanto a pessoa responde eu já estou ao mesmo tempo pensando na próxima pergunta, só que devido a isso eu não presto atenção direito no que a pessoa falou e aí eu fico meio com medo de fazer a próxima pergunta, seja porque talvez soe esquisito mudar abruptamente de assunto ou seja porque há uma chance de que a pergunta envolva algo que ela acabou de falar há pouco e eu não prestei atenção.

Enfim, é bem constrangedor, pois eu não estava preparado para conversar com a pessoa naquele momento.

Quando sabemos se vamos (e quando vamos) nos encontrar com alguém, pelo menos há tempo para organizar na cabeça as novidades e assuntos, e também podemos imaginar algumas das possíveis perguntas que elas nos farão, de modo que não ficamos tão sem jeito ao conversar com os outros porque já estamos meio "preparados".

Ah, merda. Divaguei muito nesse post e saí do assunto que eu ía falar. Bom, deixa, agora já está tarde e é melhor ir dormir de uma vez. Té mais.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Frases inspiradas

"Quando questionados sobre seus gostos musicais, a maioria dos caras está muito preocupada em manter uma imagem de masculinidade e cita Enter Sandman ou Highway to Hell, mas lá no fundo eles sabem que também se sentiram emocionados quando ouviram Uma Música."

"Não, eu não vou pedir a ele que escolha entre sexo e jogar Halo 3. Até onde eu sei, sexo não foi atualizado para incluir gráficos de alta definição e melhorias no sistema de armas."

"Pra falar a verdade, eu tenho vontade de matar as pessoas que ouvem música sem fone de ouvido dentro do ônibus ou em qualquer lugar. Eu tenho vontade de matá-las mesmo. Ela devia ser expulsa do ônibus, chutada pra fora. Na maioria dos casos elas deveriam ser mortas mesmo. Se você for uma pessoa que tiver problemas psicológicos, se você for um tipo de sociopata, passe à frente essa mensagem e mate as pessoas que ouvem música no celular dentro do ônibus."

"Sou o pior no que faço de melhor. E por este presente eu me sinto abençoado."

"Qual é a diferença entre algo vivo e algo morto? No mundo médico, uma definição clínica de morte é um corpo que não muda. Mudança é vida. Estagnação é morte. Se você não muda você morre. É simples assim. É assustador assim."

"A importância é relativa. O tempo é absoluto (a menos que você possa viajar a velocidades significativas se comparadas à da luz)."

"O Teorema de Pitágoras determina que a soma dos quadrados dos catetos de um triângulo retângulo é igual ao quadrado da hipotenusa do mesmo. O Teorema de Kratos determina que quadrado, quadrado, triângulo é igual ao quadrado da energia do Big Bang."

"Depois de uma hora de conversa acham que podem fazer uma avaliação de nossa personalidade. Por terem as credenciais acham que podem fazer esse tipo de coisa, deveriam ser psiquiatras e não jornalistas."

"Geralmente quando você encontra um cara mutilado num saco, provavelmente você vai querer repensar a intenção de sair com a garota."

"Yippie-ki-yay, motherfucker!"

quarta-feira, 17 de março de 2010

Eu, eu mesmo e a vida noturna

Não gosto de começos de textos. Sempre temos que pensar em frases "openers" instigantes para obter o interesse e a curiosidade por parte dos leitores, ao mesmo tempo em que sugerimos sutilmente a forma de abordagem e nossa opinião sobre o assunto em questão. Nunca se sabe exatamente o que escrever no início do post, pois geralmente quando somos iluminados com a ideia do assunto (78% das vezes durante o banho), em seguida só formulamos mentalmente algumas frases soltas e aleatórias, que servirão para povoar o corpo do texto em si, e não a introdução.

"Mas que merda de introdução é essa, considerando o título do texto?" - tu pergunta. Não faço a menor ideia. Então vamos pular a formalidade da introdução hoje, já que estou sem paciência, e vamos falar dos porquês de eu não gostar de baladas e afins.

Primeiro porquê: não tenho quase nenhum amigo ideal em festas noturnas para ir junto comigo. O amigo ideal em festas noturnas é aquele que não fica te forçando a nada. É aquele com quem tu joga fora uma conversa normal e interessante (e não aquele papo de "Nossa, hoje eu vou pegar muitas!", etc) no caminho para o local da festa. Durante a festa ele serve como companhia para te deixar mais descontraído e confortável no lugar, evitando situações estranhas e "sem jeito" por não ter ninguém conhecido por perto. E em momento nenhum ele ficará te incentivando incessantemente a beber, nem ficará te dizendo o tempo todo para ir lá "trovar" aquela gostosa que "ele encontrou pra ti". Ele simplesmente curte na dele e te deixa curtir em paz do teu jeito. Cada um faz o que quer e na hora que estiver com vontade, e o amigo ideal em festas noturnas entende e respeita isso.

Em segundo lugar acho que fica a música. Na esmagadora maioria das casas noturnas, o som é horrível. Sem ofensa. Mas é um lixo. Tudo muito repetitivo, sem emoção, músicas que só empolgam nos primeiros 20 segundos e depois disso já se tornam insuportáveis. Porra, até no rock há coisas muito simples e repetitivas, a citar por exemplo Your Time Has Come (uma das minhas músicas favoritas), do Audioslave, que basicamente fica naquele mesmo riff (pan, pan pan pan pan pan, pan, pan pan pan pan pan pan lol), mas é de uma força, energia e simplicidade que te contiagia e vicia do início ao fim; te faz querer pular e balançar a cabeça loucamente. E cadê as belas letras e belas melodias, como em All You Need is Love, dos Beatles, que te emociona e que dá uma imensa vontade de cantar toda vez que a ouvimos? Há força, energia, emoção e beleza em música de balada? Não. Não há nada. Entediante.

Outro problema é o volume do som. Não que eu não goste de música alta, mas para os propósitos do ambiente, som incrivelmente alto não é o mais adequado. Dificulta em 397% qualquer tentativa de comunicação via cordas vocais. É preciso se aproximar do ouvido do receptor e ficar aos berros para que se entenda alguma coisa, ou então tentar comunicação por gestos, o que na maioria das vezes é ineficiente, pois o outro não entende e responde rotacionando as mãos até ficarem com as palmas voltadas para cima e simulando o movimento labial de um "O quê?". E quando estamos conversando com alguém "de interesse", como temos que falar perto do ouvido da pessoa, corre-se o risco de gritar muito alto sem querer e irritar os tímpanos da pessoa.

Normalmente, do ponto de vista de um homem heterossexual, baladas servem basicamente para 4 coisas: ouvir a música, dançar, mulheres e bebida. A primeira utilidade já é absolutamente descartada por mim, conforme disse nos dois parágrafos anteriores. Sobre dançar... Não é comigo. No colégio eu tinha muita coordenação e facilidade para esportes (eu era bom em vários), mas enigmaticamente sempre fui duro, desajeitado e desprovido de ritmo para danças. Também nunca tive uma amiga que tivesse paciência em me dar algumas dicas, e pedir ajuda a um amigo, convenhamos, é embaraçoso e gay.

Sobre o lance de "pegar as minas", acho sem sentido. Com o som alto do jeito que é nessas festas, é praticamente inviável tentar uma conversa. Temos que ter a habilidade de falar algo interessante com poucas palavras, só para acabar beijando alguém que pouco conhecemos, e logo em seguida fazer o mesmo com mais pessoas, potencializando as chances de pegar mononucleose, gengivite, hepatite e até herpes, se tu for muito burro e não estiver olhando direito onde põe a boca. Não seria mais fácil pular logo as trivialidades e pedir o beijo de primeira? Ou beijar logo sem avisar e pronto? Ah, é, esqueci das tais micaretas. Que mundo doente... ¬¬

Mas de qualquer jeito, por que alguém faria isso de sair "pegando" as pessoas? Só para mostrar que é homem e gosta de mulher? O que há com a sociedade? Sério, qual é o sentido de trocar menos de 50 palavras com alguém para depois beijar e em seguida dispensar a pessoa? Alguém me explique por favor.

Se eu me interesso por alguém, primeiro descubro se o jeito e a personalidade dela me deixa confortável (e se ela sente o mesmo comigo), depois procuro saber se ela tem gostos parecidos com os meus, mas tudo isso com uma boa conversa (e algumas fuçadas no orkut dela também, hehe). Isso é conhecer alguém, e é muito difícil de fazer numa balada. Depois de conhecer a pessoa, tu sai mais vezes com ela, e se ao final dos encontros chega-se à conclusão que foi divertido e que tu te sentiu feliz, então tu gosta da pessoa. E é depois dessa conclusão que vem o beijo (e o que tiver que vir junto com ele xD). O beijo é uma demonstração de afeto e intimidade entre duas pessoas, só assim é prazeroso. De outro modo é simplesmente sem significado. É assim que as coisas devem ser: estar com alguém porque gostamos e não para fazer número.

O que sobra é, claro, a bebida. Mas nem por este motivo me parece animador frequentar as baladas. Não é que eu não goste de consumir bebidas alcoólicas. Gosto de Smirnoff Ice, por exemplo. Mas não gosto especificamente do gosto da cerveja. Acho todas ruins. Muito embora eu goste da sensação de "liberdade de expressão" proporcionada por umas latas dela. E como qualquer outra coisa geralmente é muito caro, só sobra ela. Ah, e sem citar os efeitos colaterais e perigos do consumo abusivo e desenfreado, que são duradouros e nada agradáveis.

E por fim, falemos da superlotação. É verdade que quando saio gosto de ver movimento, mas as baladas em geral ocorrem em lugares tão lotados de pessoas que é preciso disputar até o ar que se respira. As pessoas não respeitam o espaço umas das outras, esbarram, te empurram, pisam no teu pé, batem no teu cotovelo fazendo derramar na roupa a bebida que tu estava segurando na mão (sem nem ao menos olhar para trás e desculpar-se)... É uma droga. E acabei de me dar conta de porque sempre fico com vontade de socar alguém na cara quando vou a esses lugares. Ainda bem que não bebo muito. Se ainda por cima eu ficasse bêbado, merda aconteceria...

Em alguns lugares há mesas e cadeiras, em outros também há sofás, poltronas, puffs e coisas do gênero para descansar. Mas não adianta. De acordo com o princípio da superlotação, em boates todos os ambientes para descanso são automaticamente considerados iguais a zero, pois todos os assentos estão sempre ocupados. Levando isso em conta, sobram três opções: 1 - continuamos o resto do tempo em pé, cansados e com as pernas a ponto de explodir; 2 - vamos embora; 3 - esgueiramo-nos por entre o mar humano até achar um (raro) canto sem ninguém num raio de 50 ou mais centímetros. Em caso de sucesso na terceira opção, nos encostamos na parede, coluna ou seja lá o que tiver no local, mas invariavelmete isso só faz as costas doerem mais ainda.

Se o desconforto for muito, então temos que sentar no chão mesmo, mas geralmente ficamos constrangidos de fazer isso, a menos que haja um amigo ideal em festas noturnas presente; nesse caso, podemos pedir que ele sente ali também, e assim ambos não parecerão idiotas ao sentarem sozinhos no chão, já que supostamente haveriam áreas específicas no lugar para esta finalidade, que estão lotadas, mas as pessoas desconsideram esse fato pois em geral parecem ser ignorantes quanto à básica lei física de que dois ou mais corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo.

Mas até sentar no chão envolve o risco de, por exemplo, sentir a tua bunda levemente molhada e perceber que tu acabou de sentar na cerveja que alguém deixou cair no chão, ou pior ainda, no vômito de alguém que não passava muito bem. E como estava muito escuro na porra do lugar, não foi possível enxergar e evitar a nojeira que acabou de acontecer. (Nunca sentei em vômito...)

Ah, e o pior de tudo: temos que pagar por este sofrimento todo. Não só a entrada no estabelecimento, como táxis para idas e voltas. E sai caro. No final, tu não te divertiu realmente, perdeu muito dinheiro - que poderia ser usado em coisas úteis - e ainda está convencido de que tu deve fazer isso de novo sempre que possível para que vejam que tu é normal e aproveita a vida.

Ok, esta não é lá uma daquelas ideias que se possa chamar de original para um post num blog; muitos outros já se aventuraram antes ao expor seus gostos e desgostos publicamente, apreensivos pela incerteza de não saberem se (ou como) seriam julgados pela família, amigos, conhecidos e pela sociedade em geral. Então, é por isso que proponho o seguinte: se tu não gosta de baladas, não esconda e nem se preocupe com isso; tu não é anormal por causa disto. Mande um "Foda-se!" e fale que não gosta mesmo, assuma! E tu não está deixando de "aproveitar" a vida se não frequentar baladas. Aliás, só é possível aproveitar algo de que gostamos de fazer.

domingo, 14 de março de 2010

Vamos Jogar Silent Hill 3 - Parte 3

Domingo. Nada para fazer. Princípio de resfriado. O que sobra? Jogar SH3, claro.

Na realidade gravei além da parte 3, mas devido às incessantes reclamações do meu nerdíssimo irmão (que gasta quase integralmente o tempo livre vivendo no mundinho virtual dele), não consegui fazer o upload de mais do que um vídeo hoje.

Estou todo fodido hoje e acabei me irritando muito com mais um empecilho que surgiu na gravação dos vídeos, então exclamei um vigoroso "Ah, foda-se!" e gravei o jogo no modo windowed para eliminar o problema. Ficou menor e mais difícil de enxergar, mas vocês que se virem (ou não).

domingo, 7 de março de 2010

Turbilhão eterno de uma mente atordoada

Obs.: O texto a seguir é longo e altamente chat... Digo, psicológico, portanto sinta-se à vontade para ignorá-lo a menos que tu esteja se sentindo meio deprimido também.

Fazia tempo que eu não me sentia mal assim.

Ontem vi este vídeo, que é do vlog de um cara aparentemente interessante (apesar de excessivamente "casual"), e realmente concordo com o que ele diz sobre domingos. Provavelmente é por ser domingo que não me sinto bem, em especial por ser o último domingo de férias; amanhã já começam minhas aulas.

Nesta noite fui dormir com vontade de acordar mais cedo, para quem sabe passear ao ar livre. Mas definitivamente iria sair à tarde para caminhar, sozinho, no shopping, pois precisava (e preciso) renovar um pouco o interior do meu armário - principalmente a seção de calçados - e mais importante, precisava sair para pensar um pouco.

O que obviamente não se concretizou, pois bastou acordar para ser tomado pela aura depressiva do primeiro dia da semana. Percebi-me consciente às 9h23min, segundo meu relógio 5 minutos adiantado. Quem disse que levantaria? Só queria continuar lá, deitado, até que já não me sentia mais confortável na cama por volta das 11h, e decidi enfim por-me em pé. Nem preciso dizer que isso estragou qualquer possível plano matinal.

Ao olhar pela janela, uma expressão nem feliz nem triste, sem graça, se fez presente em meu rosto, como que refletindo a visão que se tinha do tempo lá fora. Nublado. Não feio o bastante para nos afugentar da rua, nem amigável o bastante para nos convidar a sair.

Recentemente tenho nutrido raiva de coisas como dias nublados. Não gosto mais do banho e do café morno, da nota 5, da estrada sem curvas ou morros, do Normal Mode dos games, do equilíbrio físico, mental e emocional e de nada que é "meio-termo".

E não gosto porque eu tenho enxergado a mim nesses dias nublados. Sou eu sempre o responsável, o sensato, o compreensivo, o equilibrado, que nunca se abala e não se anima muito por nada. Sou eu a reclamar que um cara parece "excessivamente casual" e ainda sou eu a reclamar o quanto minhas próprias atitudes são não-excessivas.

Estou cheio disso. Eu já me conhecia, já tinha noção de que era assim, mas a clareza com que me enxerguei hoje lá, do lado de fora na janela, foi assustadora. Me senti mal.

Agora estou eu aqui no meu quarto, às 17h56min. Não saí, começou a garoar e não sei se chamo de coincidência ou se o tempo se alinhou aos meus pensamentos negativos. E não quero falar com ninguém, mesmo que, ironicamente, esteja expondo meus sentimentos a todos.

Estou meio confuso. O que estou fazendo da minha vida? "Ah, tu sequer completou 20 anos, ainda há a vida inteira pela frente" - alguém pode me dizer. Verdade, mas daqui há alguns anos já não tenho mais minha juventude; tenho muito medo de desperdiçá-la e não ter nada para contar quando eu for velho. E que vida é essa que terei pela frente? Já não era hora de eu estar planejando-a ao invés de afundar-me em dúvidas? Já não deveria ter certeza do que quero para mim?

Há alguns dias vi nas atualizações do Orkut uma conhecida entrar para uma comunidade chamada "Quem não bebe não tem história". Fiquei imaginando se era verdade e se eu deveria ou não me orgulhar de nunca ter ficado bêbado. O máximo que já me ocorreu foi atingir o nível de "alegrinho": comecei a me soltar e falar mais, mas nada desagradável, estúpido ou muito engraçado. Pode mesmo a bebida ser a porta para um mundo novo e inexplorado? Seja como for, sabe-se que os vômitos e o porre do dia seguinte são mais uma porta para o inferno, segundo relatos da maioria...

Quando examino minhas atitudes e meu comportamento, vejo um dia nublado. Quando olho para minhas roupas, vejo um dia nublado. Quando olho meus óculos, dia nublado. Quando olho meu cabelo, dia nublado. Tudo é dia nublado e morno, no mais perfeito equilíbrio, no mais perfeito tédio. Minha dor é não ter algo para ter dor, é o vazio. E minha alegria é saber que pouco me falta na vida, tenho pai, mãe, irmão, tenho comida, tenho presentes no aniversário e no natal, e há muita gente em situação infinitamente pior do que a minha, muitas vezes sem deixar de sorrir por ser miserável ou não ter saúde. Tenho tudo menos satisfação.

Por outro lado, acho que isso é da natureza do homem. Nunca estar satisfeito. Quando está tudo bem, procuramos a tragédia. Quando as coisas não vão bem, reclamamos sobre como poderiam estar melhores. Então não tenho culpa de inconformar-me, afinal não tenho culpa de ser humano.

Fico pensando em por que fico só sentado escrevendo, sem fazer nada. Tenho o dom do inconformismo, mas não o da ação. Ignoro as novidades, fujo do convívio social. "O que os outros vão pensar de mim?" é a pergunta que martela na minha mente, já não mais por livre escolha de pensamento, mas como preocupação subconsciente, pregada em meu caráter, tal qual o medo, em sua mais pura forma, no instinto animal.

Não importa quantas vezes eu discuta comigo mesmo, - "Que se dane o que os outros pensam!" - sempre a pergunta está lá (às vezes fraca, às vezes forte), como o medo.

Talvez a pergunta melhor seja: "Mas e o que eles já acham de mim?" Nada. Pois não lhes digo nem mostro nada. A verdade é que poucos realmente me conhecem. Alguns acham que conhecem, mas o meu eu mais bruto e cru continua anônimo, inacessível.

Antes eu não entendia o significado da frase "Falem bem ou falem mal, mas falem de mim!" Eu achava que era sobre se exibir e ser o centro das atenções. Usava-a para me referir a gente egocêntrica ou fútil. Sempre fui bastante discreto para "não parecer umas dessas pessoas". Mas agora eu capto a essência verdadeira da coisa. Não é sobre ser exibido, mas sobre se fazer presente, sobre contagiar com vida as pessoas à sua volta. Também é sobre ser confiante e não se prender às opiniões alheias. E não esperar que os outros se importem eternamente contigo se tu nada faz por eles.

Mudando bruscamente de assunto, será que eu gosto mesmo do que faço? Ou será que nunca tive coragem e paciência o suficiente para pensar o que o meu eu mais profundo gosta? Ou será que devemos suprimir nossos gostos, nosos sonhos e sermos sensatos para encarar a realidade? Ou tranformar nossos sonhos em realidade, mesmo que isso signifique a reprovação de todos e instabilidade financeira? Fazer o que se gosta é bom, mas se teu outro sonho é a formação de tua própria família, ganhar dinheiro o bastante para dar conforto a ela não conta também?

E será que alguns sonhos valem realmente a pena? Digo, será que serão como nós esperávamos ou se revelarão tristes ilusões?

O que eu sei é que já pensei de mais, e tudo que é demais faz mal. Aos que leram até o fim, parabéns. Fui.

Comentário imaginário do dia:
Man, you reeeeally need a girl. Quickly.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Vamos Jogar Silent Hill 3 - Parte 2

Continuando a série, aí está a segunda parte. Dessa vez eu me atrapalhei de novo com meu cronômetro e, por míseros 20 segundos, extrapolei o tempo limite de 10 minutos. Consequência: tive que converter o vídeo para formato WMV (para poder editar ele no precário Movie Maker) e nessa conversão o vídeo acabou perdendo grande parte de sua qualidade (devido ao fato do programa conversor ser ruim e eu não estar a fim de perder tempo procurando outro).

Levei um tempão para editar, um tempão para salvar, tive que converter novamente o formato do arquivo (para o Tube aceitar) e mais um tempão para fazer o upload. Ufa, como cansa isso. Na parte 3 com certeza vou iniciar o cronômetro na mesma hora que começar a gravação. Se eu equecer, vocês todos que lêem isso aqui podem me dar um peteleco na orelha.



Té mais.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Filmes estranhos

Bom, dispensando o blá-blá-blá (Whiskas Sachê) da postagem anterior, vou falar um pouco dos últimos filmes que assisti.

Preparem-se, pois é cada um mais psicótico que o outro...


O Iluminado (The Shining) - 1980


Este filme é um thriller psicológico dirigido por Stanley Kubrik (2001: Uma Odisséia no Espaço e Laranja Mecânica), baseado no livro de mesmo nome de Stephen King. É um dos mais conhecidos e aclamados filmes do gênero. Um legítimo "must watch". Mesmo assim, confesso que não fiquei tããão impressionado assim, apesar de confirmar a qualidade da obra.

A temática "Isolados em hotel antigo, grande e vazio em pleno inverno rigoroso" parece um tanto batida nos dias de hoje, mas o clima incrivelmente tenso e angustiante proporcionado em cada uma das cenas realmente faz valer a pena. Jack Nicholson está muito sombrio, assustador e imprevisível (tá, talvez nem tanto) nesse filme.

Odeio corredores...

E de fato, não é a temática o ponto principal nesse filme, mas sim os detalhes. Nossa, tem tanta coisa que podemos analisar... As visões do menino "iluminado", o contraste de personalidades que há entre a gentil, atenciosa e horrorizada mãe e o grosseiro, bruto e cada vez mais insano pai (o que nos faz pensar em "como é que eles dois foram se casar?"), os diálogos interessantes entre as personagens, a imensidão e a obscura história por trás do hotel, a sensação de que vamos tomar um baita susto a qualquer momento, as cenas non-sense estranhas, etc.

É um filme velho, creio que muitos já viram, mas também há os mais novos que "não pegaram essa época", como é o meu caso. Nunca vi na TV (hoje em dia isso nunca ía passar, nem mesmo na Sessão da Tarde), e dá uma certa vergonha perguntar nas locadoras se eles tem esse filme disponível ("O quê??? Tu nunca viu esse? Como?). Mas é um clássico e vale a pena. Aconselho baixar na net ou procurar no Tube mesmo.

O mais assustador é o modo como essa cena "surge".


Donnie Darko - 2001


Este é mais recente, menos assustador e, seguramente, bem mais mindfuck que o primeiro. O escritor e diretor estreante Richard Kelly (também responsável por A Caixa, do ano passado) conseguiu fazer um excelente trabalho. Fazia um tempo que eu não me deparava com um filme tão diferente e desafiador. Desafiador sim, porque esse é um filme que te desafia a compreendê-lo. Um quebra-cabeça visual para poucos.

Donald (ou Donnie) Darko é um jovem problemático. Inteligente, porém rebelde; sofre de alguns distúrbios comportamentais, por isso precisa de acompanhamento psiquiátrico, com medicação, etc. Ele também começa a sofrer alucinações (bom, na verdade é difícil saber ao certo o que é alucinação ou não nesse filme) nas quais ele é orientado por um coelho demoníaco gigante (na verdade uma pessoa fantasiada de coelho) a cometer alguns atos de vandalismo.

What the... Fuuuuck???

Falando assim parece um filme bobo, mas acredite, não é. Alienização da sociedade, viagens e paradoxos temporais e fusão da realidade com alucinações são assuntos apresentados aqui. Devo dizer, é difícil entender Donnie Darko. Quando é o começo, ou quando é o final da história? Tal acontecimento é real ou é produto da mente confusa de Donnie? Ou será que é tudo alucinação? Ele avança no tempo, volta nele, ou nenhum dos dois? Quem é o maldito coelho e o que ele representa? Tudo é muito confuso, muitas cenas parecem que não têm sentido nenhum, mas ao mesmo tempo parece tudo tão meticulosamente arquitetado, tudo parece que tem alguma explicação, algum motivo...

Creio que Donnie Darko não seja muito conhecido, muito menos por aqui no Brasil. Mas se tu gosta de cinema, gosta de um bom exercício cerebral e gosta de finais totalmente abertos a milhares de interpretações possíveis (algo que eu não via desde o magistral final de Elfen Lied), então este é o filme.

Quem? Os Smurfs?


Pi - 1998


Apesar do ano de lançamento, Pi é em preto e branco. Um detalhe apropriado e bem pensado, entretanto, para um filme que segue o mesmo estilo dos dois já resenhados aqui: suspense mindfucker esquisito. Este é o primeiro filme do mesmo diretor de Réquiem para um Sonho (2000) e O Lutador (2008), Darren Aronofsky.

A diferença desse para os dois outros é que ele segue uma linha mais "científico-paranóica". Pi trata de números. Tudo se resume a números. Números estão em tudo e o universo inteiro pode ser entendido através de números. Pessoas podem enriquecer com números ou encontrar a salvação nos números. Números, números, números. E mais números. Entenderam o que quero dizer com paranóico?

É quadrada, é feia, mas ainda é uma espiral.

Pi mostra um jovem gênio da matemática que busca através de suas pesquisas encontar um padrão universal por trás da bolsa de valores. A ideia é que em tudo há um padrão no universo. O exemplo clássico (inclusive mostrado no filme) é a Proporção Áurea ou Divina Proporção, obtida a partir da sequência de Fibonacci, que está relacionada em geral com o processo de crescimento na natureza. Observa-se no formato das conchas de diversos moluscos, ou na relação entre o tamanho de vários dos ossos humanos, por exemplo. O próprio Pi, uma das constantes mais importantes da matemática, é o padrão por trás tanto de uma simples figura geométrica quanto de muitos outros fenômenos da natureza. E para o "funcionamento" da bolsa, o protagonista afirma, deve haver um padrão também.

Outras questões levantadas no filme são as seguintes: Por quanto você está disposto para poder entender melhor como funciona o nosso universo? Quanto vale esse conhecimento? O que ele realmente significa? Pois claramente vemos a obcessão e o declínio do matemático na busca por suas respostas. Ele vive trancafiado em seu apartamento e evita ao máximo o contato humano. Por um lado pode ser belo, mas por outro é deprimente.

Mas que *Piiiiiiii* de número é este?

Apesar de pender mais para o lado "ficção científica", o filme ainda tem alguns elementos bem cult, digamos assim, que te põem a trabalhar a massa cinzenta, incluindo o seu final.



É isso aí. Espero que nem todos os filmes sejam conhecidos, assim vocês podem dar uma conferida. Bom, mas mesmo quem já viu pode ver de novo para matar a saudade e tentar descobrir algo a mais; nesse quesito (detalhes pouco perceptíveis) os três são um prato cheio.

Vou continuar vendo filmes nesse estilo e em breve quem sabe eu escreva sobre mais alguns aqui. Té mais.

Vício novo

Graças a Bear Grylls minhas aulas ainda não começam hoje e, melhor ainda, em nenhum dia dessa semana. Mais 7 dias para vagabundear e para exercitar minha mais nova mania: ver filmes esquisitos.

Não sei ao certo como tudo começou, mas lembro que um dia eu estava jogando Silent Hill 4 no meu PS2, - que aliás eu já havia comprado há muito tempo atrás, mas sempre tive preguiça (ou se preferirem, medinho) de jogar. Inclusive foi o primeiro jogo da série SH que eu joguei, por isso achei meio perturbador e mindfucker. Mas voltando, dizia eu que estava a jogar SH4, quando uma hora ficou meio foda, pois na segunda metade do jogo não era mais possível recuperar a Life do personagem na maneira "esperta" (é preciso jogar para entender). E ainda havia uma escadaria com vários monstros que tínhamos que descer, mas dado a situação do jogo, era muito difícil passar pelos filhos-da-puta sem perder vida. Fiquei tentando realizar esse feito várias vezes, sem sucesso, e então decidi que eu havia "travado" no jogo (ok, na verdade eu também estava com medinho), aí parei de jogar.

Mesmo assim ainda estava com aquela vontade auto-destrutiva de ser perturbado e tomar uns sustos, então resolvi pesquisar na internet alguns filmes assustadores. Como todo mundo, procuro sempre pelo melhor, então digitei no Google as palavras "top", "filmes" e "assustadores", nessa ordem. Assim já surgiriam diversas listas e eu não perderia tanto tempo.

Logo apareceram clássicos antigos como O Exorcista, O Massacre da Serra Elétrica, O Iluminado, e outros não tão antigos mas ainda assim clássicos, como A Bruxa de Blair e O Chamado (o qual sinceramente não achei assustador), entre muitos outros que eu sequer imaginava a existência.

Como muita gente falava muito bem de O Iluminado (que aliás é a adaptação para as telas do livro homônimo de Stephen King), decidi que começaria por este. Só que o problema é que acabei ficando meio sem tempo no decorrer do ano, então fui adiando... Até o final dessas férias, quando achei o filme dublado todo no Youtube (salve salve o "Tubo"), não era preciso nem baixar.

Depois disso, certo dia acessei o Nerds Somos Nozes (link aí do lado, só procurar), e me deparei com uma postagem sobre o filme Primer, de 2004. Achei intrigante, vi um vídeo do trailer, e na mesma página havia um pedido de sugestão de filmes no mesmo estilo. Foi aí que fiquei sabendo da existência de filmes como Pi (o número Pi, ok?), Cube (e suas continuações), Memento, Twelve Monkeys, Sphere e Donnie Darko. O primeiro e o último foram os filmes que vi nas duas últimas noites.

E depois de ver filmes como O Iluminado, Donnie Darko e Pi (principalmente os dois últimos), a pessoa tem que falar sobre eles. Não há como ficar quieto depois de assistí-los. Simplesmente NÃO DÁ! É sobre esses filmes que será meu próximo post.